Movimentos e partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro decidiram, convocar manifestações por todo o País em defesa da democracia e contra manifestações autoritárias do presidente. O tema será "Ditadura Nunca Mais" e a mobilização acontece no próximo dia 18.
Os grupos discutiram o tema da defesa da democracia neste domingo, 8 (Dia Internacional da Mulher). Segundo Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, a ideia é unir todos os Movimentos Sociais.
"O mote vai ser 'Ditadura Nunca Mais' porque está cada vez mais claro que o Bolsonaro tem uma sanha de ditador. Ele quer construir um caminho autoritário para o Brasil. Não aceita oposição, não aceita contraponto, não aceita imprensa", disse Boulos.
O pedido de impeachment e a bandeira "fora Bolsonaro", sugeridos por algumas lideranças, foram rejeitados pelas entidades que entendem não haver, ao menos por enquanto, clima político para defender o afastamento do presidente.
"Que tem motivos, tem. O Bolsonaro tem dado motivos todos os dias mas a natureza do impeachment é política, tanto que quem julga é o Congresso e não o Judiciário. Não podemos ser irresponsáveis", disse o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.
De acordo com Tatto, o monitoramento das redes sociais feito pelo PT mostrou um arrefecimento no ânimo dos partidários de Bolsonaro da quarta para quinta-feira.
"Parece que este ato deles não vai ser tudo isso que estão falando", disse. Segundo ele, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o PT vá para as ruas em reunião com dirigentes no último dia 26 de Janeiro. "Temos que ir para a rua conversar com o povo", disse Lula. Para o ex-presidente, o PT deve se concentrar em discutir os problemas da "vida real" das pessoas como a precarização dos empregos e a perda de direitos sociais.
De acordo com o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, o fato de o protesto do dia 18 ser contra a política econômica do ministro Paulo Guedes não deve afastar os grupos que defendem a democracia, se opõem às manifestações autoritárias de Bolsonaro mas aceitam a agenda de reformas do governo.
Segundo ele, contrapor os grupos que vão às ruas no dia 15 para se manifestar contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) não significa defender o establishment.
"Nós não vamos às ruas para defender os interesses dos políticos que estão lá no Congresso. Vamos defender os princípios da democracia e tanto o Legislativo quanto o Judiciário independentes são princípios democráticos", disse ele. A UNE vai para pedir a saída do ministro da Educação, Abrahan Weintraub.
Em outra frente, a oposição aposta na inclusão de entidades representativas da sociedade civil como Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que devem se reunir com representantes de partidos de esquerda (PT, PDT, PSB, PC do B e PSOL).
Estadão
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